terça-feira, 27 de abril de 2010

El Monasterio de Santa Catalina

Um dos pátios do monastério

Galera, esse é o penultimo post da viagem, no próximo vou falar da cidade de Arequipa e contar um pouco de sua história.

O assunto desse post é um dos locais mais visitado por turistas em Arequipa, e um de seus cartões postais, o Monastério de Santa Catalina.

Desde meu primeiro dia na cidade branca me disseram que eu teria que visitar o local, pois era um dos locais mais impressionantes da cidade, que era uma mini-cidade dentro de Arequipa e que era extremamente interessante ver como era a vida das antigas freiras que moravam no local. Minha mãe de lá, dona Virginia foi a pessoa que mais me disse isso. Bom, fui fazer minha visita nesse local no meu último dia em Arequipa, e passei mais ou menos uma hora dentro do local. E foi bem como disseram, valeu muito a pena...

 Imagem da Santa Seia em tamanho natural!

Vista Aérea: -16.39535,-71.53679

História do local:

O Monastério foi fundado em setembro de 1579 graças a doação dos bens de dona Maria de Guzmán, mulher jovem, sem filhos e viúva de dom Diego Hernández de Mendoza. Ela foi a primeira reitora do monastério, sobre o nome de Ana Maria de Jesus. Neste monastério ingressavam as filhas das mais distinguidas famílias da cidade, geralmente a segunda filha, que podiam cumprir com a exigência do dote de mil pesos de prata testada e marcada (por volta, hoje, de US$ 50.000,00) e cem pesos mensais para alimentos. A meados do século XVIII a população se compunha de cinqüenta e sete religiosas de véu negro, dezoito de véu branco, cinqüenta e uma beneficentes e duzentas donzelas e serviçais.

 Esse era o contato que as freiras tinham com o meio exterior.

Não se sabe ao certo quando foi construído como uma cidade, mas dizem que foi por causa dos terremotos que destruíram os ambientes quase completamente, em 1600 com a erupção do vulcão Huaynaputina, e posteriormente com o terremoto de Santa Úrsula em 1687. À partir daí, as famílias das religiosas teriam tido que dar dinheiro para os ambientes de vida de suas filhas, e mandaram reconstruir o convento por ambientes. Tem uma área de 20.426 m². A maior população foi por volta de 500 mulheres das quais apenas 180 foram religiosas (o resto eram as donzelas que serviam as religiosas, as meninas que viviam ali como educandas como em um internado e as refugiadas que se permitiam no convento por direito de asilo). Os habitantes de Arequipa não tinham nenhuma idéia de que se passou entre as paredes altas do complexo. Havia muitos os rumores e contos circulando entre as pessoas. O que será que acontecia dentro do mosteiro? Há histórias de freiras ficando grávidas e de um esqueleto de um bêbe encontrado emparedado em uma das reformas...

 
Cozinha de uma das casas do monastério.

O Convento de Santa Catarina se envolveu em um velo de mistério e silencio até 1970 em que uma parte grande do convento abriu suas portas para o público. Todavia vivem monjas na área do norte do complexo. Isso favoreceu muito a Ordem, que cobra hoje em dia 30 soles para a visitação do monastério. Será que a igreja se aproveita do turismo para ganhar dinheiro?
 
Vestimenta típica das reitoras, bordada com fios de ouro.

Muita coisa foi mudado para atrair o público. As pequenas ruas e claustros estão cheios de flores coloridas e as paredes estão sempre com pinturas novas. Os becos estreitos levam as diversas partes do convento que atravessam por pequenas casas com salas de estar, dormitórios, cozinhas; tudo mantendo os móveis e decorações originais.
 
Claustro das noviças.
 
Arquitetura:

Santa Catarina foi construído em Arequipa, cidade que foi fundada em 1540 em um local especialmente escolhido por sua beleza natural e clima bom, e com um único material de construção: siliar, uma pedra porosa de lava vulcânica. Usada para construir toda a cidade, em projetos arquitetônicos com espaços e proporções de grande valor estético. As fachadas, com esculturas e detalhes decorativos, fazendo de Arequipa um centro colonial da identidade marcada, dentro dos principais centros urbanos do continente. Seu estilo arquitetônico é principalmente colonial, mas de natureza mestiça. Diferente de outras heranças coloniais nesta parte da América Latina, especialmente em Santa Catalina existe uma grande fusão de elementos espanhóis e indígenas.

Torre e lateral da cidadela do monastério.

Os terremotos que afectam Arequipa desde 1582 destruíram as construções mais velhas e também as propriedades das famílias das freiras de Santa Catalina, cuja renda garantia o futuro da economia que a vida do mosteiro era dependente. Esta foi a razão da construção da cidadela no mosteiro. Os parentes das freiras decidiram construir células privadas para elas, porque o dormitório comum foi danificado e também era muito pequeno para o número crescente de freiras. Por quase dois séculos, durante a época colonial, os claustros e células de Santa Catalina sofreram modificações, adições e novas construções. Todos essas modificações, são uma amostra da arquitetura colonial de Arequipa.

 
Dormitório de uma das células privadas.

A Beata Sor Ana de Los Angeles:

Apesar dessa fama mais tarde, o Mosteiro foi a casa de uma mulher notável, Sor Ana de Los Angeles Monteagudo (1595 - 1668), que entrou pela primeira vez as paredes como uma criança de três anos, passou a maior parte de sua infância ali, recusou o casamento, e voltou a entrar no noviciado. Levantou-se dentro da comunidade das freiras, foi eleita Madre Prioresa e instituiu um regime de austeridade. Ela se tornou conhecida por suas previsões precisas da morte e da doença. Ela é creditada por curas, incluindo o pintor severamente infligido que pintou o retrato exclusivo dela. Diz-se que tão logo concluído o retrato, ele estava completamente curado. Nos últimos anos, Sor Ana estava cega e com problemas de saúde e quando ela morreu em janeiro de 1686, ela não foi embalsamado porque seu corpo não parecia  morto. Ela foi enterrado sob o piso do coro da igreja.

 
Retrato de Sor Ana. (Fonte)

Quando foi exumado dez meses depois, seu corpo não havia se deteriorado, mas manteve-se como nova e flexível como o dia em que morreu. Ela é creditada por curas, mesmo após a morte. As freiras escreveuram relatos da época sobre casos em que os doentes foram curados após o contato com suas posses. Pouco depois de sua morte um petição para a nomear santa foi apresentada à igreja católica. Como o processo é lento, foi apenas em 1985, que o Papa João Paulo II visitou este Mosteiro, para a beatificação de Sor Ana. (fonte: http://gosouthamerica.about.com/od/arequipa/a/SantaCatalina_2.htm)

 "Berço" onde ficavam os corpos eram velados.

Existe também uma lenda sobre ela: "Gerações de Arequipa tem crescido sempre rezando para o Todo-Poderoso que a flor da laranjeira de Sor Ana de los Angeles, que está localizada na célula que pertencia à mesma no Mosteiro de Santa Catalina, e que o Santo Padre não demore a canonizar-la. Do contrário, dizem eles, o vulcão Misti explodirá e não sobrará pedra sobre pedra na cidade". Texto completo no site: http://arequipa.metroblog.com/labels/sor+ana.

Outras fontes:

Site Oficial: http://www.santacatalina.org.pe/

http://en.wikipedia.org/wiki/Santa_Catalina_Monastery

http://pt.wikipedia.org/wiki/Monast%C3%A9rio_de_Santa_Catarina_da_Siena

Álbum do Picasa: MONASTERIO DE SANTA CATALINA

Vou ficando por aqui. Espero que tenham gostado do post.

Abraços e Beijos

domingo, 11 de abril de 2010

Valle y Cañon del Colca

 La Cruz del Condor

Queridos leitores, este é o ante-penúltimo dos posts da minha viagem (pelo menos falando de lugares). O lugar da vez é o Vale do Rio Colca, onde se encontra o maior Canyon do mundo, com até, comprovados, 4160 metros de profundidade.

Um pouco de história agora?

A região sempre foi habitada, desde a pré-história, os grupos mais desenvolvidos foram os Collaguas e os Cabanas, civilazões dá época dos Incas, e como quase todos os povos peruanos, foram conquistados por eles por volta de 1450 DC, e em 1535 foram conquistados pelos Espanhóis e rolou aquela coisa de sempre, a população vivendo basicamente de extração de minérios para enviar à metrópole.

Uma coisa interessante: aqui também haviam deformações de cabeças, os Collaguas alongavam e os Cabanas achatavam. Isso foi proibido pelos católicos, que consideravam isso como heresia. A solução dos povos locais foi o chapéu: eles os usavam parecidos com os formatos das cabeças, achatados ou alongados, para diferenciar suas etnias.

 Crânio deformado dos Collagas.

Tem também o nome do rio, Colca. As colcas eram os silos de armazenamento de alimento (no post de Cusco tem algumas colcas). Eram cavernas, ou prédios construidos, na meia altura das montanhas, criavam um sistema de ventilação para esses lugares e conservavam seus alimentos durante as épocas em que não estavam em colheita, assim tinham todo tipo de alimento durante todo o ano. O nome veio daí, pois a região é cheia desses silos.

Então vamos começar o relato da viagem...


O Altiplano

Aquele vulcão lá no fundo é o já conhecido Misti, por outro ângulo.

A viagem até Chivay, o povoado onde eu iria passar a noite, é praticamente um teste de variação de altitude para seu corpo, Arequipa fica a mais ou menos 2300 metros, e a regiãodo altiplano é por volta de 4000 metros. A vegetação começa a mudar do deserto para uma vegetação rasteira, e muitos pequenos rios e lagos formados pelos desgelos das montanhas.

Vicuñas, os ancestrais das alpacas.

Aqui em "cima", existe uma reserva nacional, Salinas y Agua Blanca, é um habitat natural das vicuñas, que há milhares de anos atrás foram domesticadas e nasceu a espécie das Alpacas. A lã desses animais é a lã mais fina do mundo, e consequentemente a mais cara também. Infelismente não consegui preços para comparação (bom, segundo o guia era coisa de US$ 2000,00...), pois esse animal, hoje em dia não se reproduz em cativeiro e está ameaçado de extinção. Portanto, sua caça é proibida e peças dessa lã só são conseguidas no mercado negro, segundo os guias. As únicas pessoas que podem tirar essa lã, são as pessoas que vivem no altiplano e para fins não comerciais.

Alpacas, as descendentes da Vicuña.

As pessoas daqui, vivem em sitios e da criação de alpaca, lhamas e agricultura. As lhamas são mais usadas para cargas e para fazer carne seca, por ter uma carne mais dura. Da alpaca eles tiram a lã e a carne, que é muito boa por sinal. A lã da alpaca, é considerado uma das melhores fibras texteis do mundo, por ser fina, macia, hipoalergênica e quente ao mesmo tempo (sou prova disso, tenho duas blusas, 3 tocas e 3 pares de meia). Além disso é uma das fibras mais duráveis que se tem conhecimento (vide post de Nazca, as fibras dos tecidos são lã de alpaca!), há casos de tecidos descobertos de 2500 anos atrás! O preço das peças de roupas depende da idade da alpaca e do local comprado, as minhas coisas comprei na viagem de Cusco, e paguei muito barato. Mas existe a tal da lã de Baby Alpaca, a alpaca até alguns meses de vida, a lã é bem mais fina e mais macia, e os preços, bom, vejam por vocês mesmos: http://www.alpacaunlimited.com/IBS/SimpleCat/Product/asp/hierarchy/000101/product-id/36468179.html.

Formação cônica de basalto esculpida pelo vento.

Mirador Los Andes

Minha oferenda aos Espíritos das montanhas.

Esse é o ponto mais alto, que fui em minha vida, 4897 metros do nível do mar, cheguei aqui mais ou menos umas duas horas depois de sair de Arequipa (2300 metros). A perguntas mais comuns agora são: "Te deu alguma coisa por causa da altitude?", "Você conseguiu respirar?", "Não te deu edema cerebral de altitude?" ou até "Você não pegou a Doença do Monge?" (Doenças de altitude). Bom, não sofri nada com a altitude do lugar, me acostumei com a de Arequipa com certa facilidade, e vivendo lá por quase um mês e meio, creio que meu corpo já estava meio adaptado à altitudes mais elevadas. Apesar de eu estar com uma companheira inseparável nessa viagem, Coca.

Folhas de Coca. Erva sagrada das civilizaçoes pré-colombianas.

Quando começamos a subir acima dos 3000 metros o guia nos aconselhou a começar a mascar a folha. Coisa de 15 folhas e um pedacinho de uma pedrinha usada como catalizador. Antes que alguém diga, folha de coca não é droga, tem menos de 0,1% de cocaina, o único efeito é uma dormencia no local onde você mastiga. Os efeitos da folha são, tirar fome, tirar sede, tirar sono, curar mal de altura, dar energia e outras coisas mais. Esses efeitos veem pelos vários sais minerais da folha e pelo efeito vasodilatador dos diversos alcalóides da folha. Por todos esses efeitos ela é considerada sagrada, e só os sacerdotes Incas e pessoas da realeza podiam mascá-la.

 Oferendas aos deuses das montanhas.

O tempo estava fechado, e não pude ver os vulcões e as montanhas do mirador, que quando o tempo está limpo podem ser observados. E como esse é um lugar que se pode ver todas essas montanhas, é o local ideal para se fazer oferendas para os espirtos delas. E como se fazem essas oferendas? Voce coloca alimentos no chão e faz uma torrezinha de pedras por cima, aí voce faz seu pedido para alguma das montanhas. Simples!

O céu viso do mirante. Cadê as montanhas?

Chivay e os Banhos Termais

Rua de Chivay, roupas e transportes locais.

Saindo dos quase 4900 metros de altitude, começamos a descida para Chivay, a 3900 metros. No caminho, uma estrada bastante perigosa, na beira de abismos. Uma das primeiras coisas que consegui ver da estrada foi onde começa uma coisa que compartilhamos com os peruanos, o Monte Mismi, onde nasce o Rio Amazonas. Uma coisa bem estranha é que é um dos únicos rios que nasce nos Andes e desagua no Atlântico, todos os outros desaguam no Pacífico! Pena que só pude ver essa montanha de longe, para chegar perto teria que dar uma volta gigantesca pelas montanhas dos Andes...

Ao fundo o Monte Mismi, atrás dele nasce o Amazonas.

Passando por diversos mirantes na estrada chegamos ao povoado de Chivay, capital do distrito de Calloma. Ccomemos em um restaurante com muitas comidas típicas, incluindo carne de alpaca, daí nos levaram para o hotel para descansarmos para irmos nos banhos de água quente.

Chivay vista de um dos mirantes da estrada.

Por volta das 17:00 nos buscaram no hotel para irmos aos tais banhos quentes. As águas termais, vindas do subterrâneo, saem com uma temperatura de 80°C, contendo grande variedade de sais minerias, entre elas o enxofre. Eles captam essas águas por um sistema de canais, e a jogam em uma piscina de uns 50.000 litros, onde a água fica em média por volta dos 40°C. É uma coisa sem noção nadar em uma piscina dessas, fora a paisagem do vale (a piscina não é coberta), e claro a cerveja gelada não podia faltar. Só faltou um monte de mulher de bikini...

Fonte da água quente, notem as borbulhas.

Piscina de águas quentes.

À noite fomos a um restaurante assistir um show de músicas e danças típicas. A comida estava bem cara e só tomei uma Cusqueña de 660 ml. A música mais esperada foi essa aí em baixo, El Condor Pasa!


Depois disso, o guia foi deixar o pessoal no hotel. Tive um pouco de azar nessa viagem, meu grupo, apesar de ser muito legal, eram todas pessoas mais velhas, coisa de 40 e tantos anos, e todos casais. Então adivinha quem ficou sozinho na praça curtindo o carnaval local em plena Quarta-feira de cinzas? Na verdade não demorei muito para me enturmar, ainda mais com uma garrafa de cerveja na mão. Consegui uma faixa de um dos blocos, o Caapa, e comecei a tocar bumbo com a galera, dançar, beber tudo que traziam pra mim, fui embora feliz, às duas da manhã, para acordar às 5:00 para tomar café e ir ver o voo dos condores. Essa do carnaval foi uma das coisas mais legais da viagem inteira!

Meu bloco em Chivay. Saudades d'Os Cavernosos.

La Cruz del Condor

Terraços no Vale do Colca.

As 6:00 am, dentro da van, para subir a 4300 metros para ver o voo dos condores, uma parte do vale e uma parte do canyon.

O condor á a maior ave voadora do mundo, no chão ele tem altura entre 1,00 e 1,30 metros, e a terceira maior em envergadura, com 320 cm de ponta à ponta de suas asas. É parente dos urubus, e lempra bastante um, tanto pelo aspecto físico como pela forma de voar, ele usa as correntes de ar quente. O vale do Colca, é um dos melhores lugares do mundo para observar essas aves, e as primeiras horas da manhã também são as ideais, pois é quando começas a "subir" as primeiras correntes de ar. Pela geografia do lugar, a Cruz del Condor é local perfeito para ver as aves em voo, e BEM de perto, há casos de eles voarem a 10 cm do nariz dos observadores. No meu caso foram uns quatro metros, o ruim foi que não consegui bater foto, dele em voo, mas tirei dele parado e levantando voo denovo.

A foto mais perto que consegui...

... e a que eu mais gostei.

El condor descansa.

Para esperar os condores (das 8:00 até as 10:00 mais ou menos) a gente ficou observando a paisagem maravilhosa do canyon. Nesse ponto ele tem mais ou menos 1300 metros de profundidade aí vão algumas fotos:

Esquerda...

... direita ...

... frente...

... atrás ...

... 1.3 km abaixo.

Depois disso, voltamos para Chivay para almoçar e em seguida ir para Arequipa. No caminho paramos em um mirador para ver os terraços e o começo do canyon, tambem paramos em um lugar com algumas tumbas antigas e em um outro povoado, Maca.

A entrada do canyon.

A Lagoa Mágica.

Tumbas na montanha.

Terraços.

Igreja de Maca.

Altiplano.

Depois disso, subimos para os 4900 metros denovo e descemos para Arequipa. O canyon está para ser votado uma das 7 maravilhas naturais do mundo. Se forem ao Peru esse lugar tem que estar nos planos de suas viagens. E corram, porque se o Colca for eleito maravilha natural, os preços devem, segundo o guia, triplicarem.

Bom, fico por aqui, quem quiser mais fotos, taí o link do Picasa: VALLE DEL COLCA.

Beijos e Abraços!!!!